Algaroba






A algarobeira Prosopis juliflora (Sw) DC, é uma espécie vegetal arbórea da família Fabaceae (leguminosae), subfamília Mimosodae. É conhecida também pelos nomes: algaroba, algarobeira, algarobo. Pouco exigente em água, cuja ocorrência, em sua forma natural, se dá em zonas tropicais áridas, que não chegam a alcançar índices de 100 mm. Essa característica é de extrema importância para o nordeste brasileiro, uma vez que a precipitação pluviométrica média anual dessa região gira em torno de 750 mm e, embora seja baixa para outras espécies vegetais, já é 7,5 vezes maior do que essa espécie necessita para ocorrer. Devido a essa pequena exigência em água, comprovada capacidade de medrar em solos de baixa fertilidade e de condições físicas imprestáveis a outras culturas, evidencia-se as grandes potencialidades desta leguminosa como fonte geradora de alimentos para o homem e para os animais, constituindo-se em importante fonte de desenvolvimento para as regiões áridas e semi-áridas do planeta. E tem sido pelo as suas múltiplas aplicações e usos, além de outras características importantes, que a algarobeira é reconhecidamente no meio rural nordestino, como "PLANTA MÁGICA", de valor precioso para o nordestino e tem sido recomendada por conceituados pesquisadores e técnicos da área para a região do polígono das secas.

ASPECTOS BOTÂNICOS

istemática

A algarobeira está classificada, segundo BARROS et al. (1981), da seguinte forma:

FAMÍLIA ...........................................Leguminosae

SUB-FAMÌLIA..................................Mimosaceae

GÊNERO...........................................Prosopis

ESPÉCIE............................................Prosopis juliflora (Sw) DC.

Morfologia

A algarobeira é uma árvore de regiões áridas e semi-áridas que apresenta as seguintes características:

Sistema radicular - Em geral a sua sua raíz principal chega a atingir grandes profundidades, pois, sendo uma planta de regiões áridas, busca encontrar o lençol freático, retirando água do subsolo para a superfície. Essa essência espalha também um bom número de raízes no subsoloDesenvolvimento da raiz - Todas as espécies de Prosopis podem sobreviver em áreas com baixa precipitação anual ou períodos secos muito prolongados. Suas raízes podem captar água do solo ou outras fontes de água permanentes dentro dos primeiros anos.

Sendo as espécies adaptadas a climas áridos e semi-áridos, a germinação, geralmente acontece durante a estação chuvosa e mudas devem ser estabelecidas suficientemente bem para que sobreviva a primeira estação seca. A existência de dois sistemas de raiz, uma raiz pivotante funda para alcançar água do subsolo e um tapete de raízes laterais de superfície para absorver águas das chuvas infrequentes.

Folhas - São compostas, bipinadas, de inserção alterna, 1 juga, e poucas vezes 2 jugas, folíolos de 6 a 30 jugas, linear-oblongas, separadas entre sí por longos ráquis.

Flores - Inflorescências em espigas axilares cilíndricas de 7 cm de comprimento; o cálice possui forrma tubular e de cor verde-amarelo-claro, 1,5 mm de largura, com sépalas em forma da campânula; a corola é composta de 5 pétalas de cor verde-claro, amarelada, com 3 mm de tamanho e piloso nos lados; possui 10 estames estendidos, de cor amarelo-laranja, contendo nas extremidades as anteras de cor marrom e com 4 mm de coprimento; o pistilo único e com forma delgado, curvado, branco, com cerca de 4 mm de comprimento e ovário de cor verde-claro e pouco piloso.

Fruto - É uma vagem do tipo achatada e mais ou menos curva, com média de 20 cm de comprimento, porém foram encontrados frutos com até 36 cm de comprimento no cariri Paraibano; possue depressões entre as sementes; é composto de epicarpo coriáceo, de cor amarelo-claro; mesocarpo carnoso e rico em sacarose podendo atingir mais de 40%; o endocarpo é lenhoso e forma cerdas contendo as sementes parte mais nobre do fruto de onde é extraído o hidrocolóide galactomanano.


PRINCIPAIS ESPÉCIES
América do norte: P. glandulosa, P. pubescens, P. veluntina
América Central/América do Sul: P. abbreviata, P. Alba, P. affinis, P. articulata, P. caldenia, P. calingastana, P. chilensis, P. cinerária, P. ferox, P. flexulosa, P. hasslere, P. juliflora, P. kuntzeil, P. laevigata, P. nardubay, P. nigra, P. pallida, palmeri, P. panta, P. pugionatta, P. rubiflora, P. rúscifolia, P. tamarugo, P. tamaruya, P. torquata, P. vinalillo

Africana e asiáticas: P. africana, P. cinerária, P. pallida.

ORIGEM
As sementes das vagens de algarobeira, originaria dos Andes no Peru, espalhou-se pelo México, sudoeste dos Estados Unidos, Índia, África do Sul e Austrália, Jamaica e Havaí.

NO BRASIL

Segundo Azevedo, citado por Gomes (1999), as sementes da algarobeira foram introduzidas no Brasil especialmente no nordeste em 1942, no município de Serra Talhada, sertão de Pernambuco, por itermédio da Secretaria de Agricultura deste estado, por recomendação do J. B. Griffing, diretor da Escola Superior de Agricultura de Viçosa Estado de Minas Gerais. Estas sementes foram ali plantadas pelo agrônomo Laurindo Albuquerque e as primeiras mudas tiveram o cuidado do, também Agrônomo, Lauro Bezerra, que as transportou para o local definitivo. Dessa primeira tentativa não se tem informações o seu sucesso o que demonstra que há fortes indícios de que tenha fracassado.

POTENCIALIDADES

A ALGAROBEIRA é uma essência rústica, xerófila, cresce rapidamente da beira-mar até os 700 m de altitude, Resiste a solos pobres, pedregosos e secos, tem grande poder de recuperação e expansão, ocupa com rapidez qualquer área, adapta-se muita bem a região semi-árida, produz sombra e pela delicadeza de suas folhagens também é ornamental. O seu valor é extraordinário. Com 6% a 7 % de tanino, é usada nos curtumes, laboratórios farmacêuticos, como mordentes, exsuda uma resina amarela sucedânea da goma-arábica (BARROS, 1982).

A MADEIRA

A madeira é um material de construção utilizada pelo homem desde épocas pré-históricas. Até o século passado a pedra e a madeira, combinando-se frequentemente esses dois materiais, eram utilizados para a construção das mais importantes e magestosas obras de engenharia. Mesmo assim, somente a partir da primeira metade do século XX, foram estabelecidas teorias científicas aplicadas as estruturas de madeira. A grande quantidade de madeira consumida na região Nordeste é oriunda da Amazônia e, portanto, de custo elevado, devido ao transporte, o que, em alguns casos, inviabiliza o seu uso frente a outros materiais como aço e concreto. A escassez cada vez mais acentuada de madeira, determinada pelas criminosas devastações e uso irracional do solo, também a coloca em desvantagem na concorrência com outros materiais de construção. A algarobeira, uma essência arbórea com alto percentual de cerne ou duramen em seu tronco e a grande resistência e rigidez, não foi introduzida no Brasil com a finalidade de servir de planta fornecedora de madeira para construções. Porém, essa essência xerófila, altamente resistente a seca, mostrou uma excelente capacidade de adaptação edafoclimáticas e , dependendo das condições de como poderá vir a ser manejada, terá condições de suprir parte das necessidades madeireiras da região, barateando o consumo, uma vez que a proximidade da região do plantio com a de uso final diminuirá consideravelmente a parcela de transporte no custo final da madeira. Embora possua um caule retorsido e não seja bastante linheira, o que poderá impossibilitar o seu uso em grandes estruturas, é possível a obtenção de uma melhor linearidade no desenvolvimento do seu tronco a partir de um conjunto de m´todos de manejo como o tutoramento, espaçamento, desbaste, poda, raleio, etc. Até agora essa espécie tem sido plantada no nordeste brasileiro da forma mais irracional possível e é evidente que ela não terá condições de, dessa forma, responder a parte das necessidades madeireiras das populações, nem exteriorizar as suas potencialidades genéticas (GOMES, 1999). Portanto de acordo com Gomes (1999), em seu trabalho sobre características tecnológicas da algarobeira, a algarobeira possue uma madeira de excelente qualidade, principalmente no que diz respeito as suas características tecnológicas, se equiparando às tradicionais e conceituadas madeiras de uso corriqueiro na construção civil.

NA INDÚSTRIA
Na industria pode ser aproveitada na produção de álcool, bebidas (aguardente, licor, vinho, café, mel, vinagre.). A exemplo de alguns países andinos onde fabricam-se bebidas tais como: aloja, chicha, etole, algarobina (fortificante) estomacal e afrodisíaca (CAMPELO, 1987). Da semente de algaroba também é extraída uma importante e valiosa matéria prima agroindustrial (goma LBG e Guar) um hidrocolóide usados amplamente na formulação de sorvetes, queijos, molhos, iogurtes, etc. (FIGUEIREDO, 2003).

MEIO AMBIENTE
No reflorestamento a algarobeira é uma excelente essência florestal para o semi-árido do nordeste. Importante para evitar a erosão e a desertificação, se cultivada de forma planejada e orientada, resiste a seca, é de fácil fixação, cresce rápido, produz madeira de qualidade, lenha, carvão vegetal, mourões, ripas, caibros, dormentes, etc. no entanto o mais importante é a função de fertilizar o solo através do nitrogênio do ar fixados pelas bactérias do gênero Rhizobium (BARROS, 1982).As cidades do semi-árido são geralmente muito quentes e devem ser arborizadas com algarobeira pois conserva as folhas durante todo o ano tornando-as mais frias e agradáveis. Na apicultura as flores da algarobeira são muito melíferas. A produção de mel pode chegar até 400kg / hectare ano (CAMPELO, 1987).

IMPORTÂNCIA
A algaroba não é uma planta nativa do Brasil. No entanto, devido a sua excelente adaptação às regiões áridas e semi-áridas, é encontrada em todos os estados do nordeste brasileiro. Face às dificuldades encontradas, nos períodos de estiagem dessas regiões, podemos afirmar que seria impossível, para o homem do campo, sobreviver sem a algaroba. Suas vargens são palatáveis, aromáticas lembrando baunilha, e doces em função do elevado teor de sacarose, que pode chegar a 30%. Esse altíssimo teor de açúcares fermentescíveis, associado aos altos níveis de nitrogênio favorece os processos de biotransformação no caldo doce extraído de suas vagens, viabilizando os processos tecnológicos de produção de bebidas fermento destiladas.Sua proteína é de qualidade e digestibilidade razoáveis equiparando-se às da cevada e do milho. Dessa forma, torna-se necessário o aprofundamento dos estudos sobre a exploração, aproveitamento e transformação das suas potencialidades, as quais servirão de base para o desenvolvimento e implantação, nas regiões castigadas pela seca, de sistemas de produção visando a fixação do homem no seu habitat.Dentro deste contexto e considerando as múltiplas aplicações e usos das suas vagens como alimento desde da pré-história por populações em regiões semi-áridas e áridas do planeta.A ociosidade generalizada dos jovens, o envolvimento com drogas, a miséria no campo, falta de perspectivas dos produtores, a carência de alimentos e o estado de desertificação que ora avança sobre o semi-árido desprotegido, por si só, já justificaria um estudo minucioso e profundo para aproveitamento racional desse recurso natural disponível com seus frutos aromáticos e doces caindo naturalmente em abundância, no meio caatinga seca. Espera-se o aprofundamento dos estudos, no sentido de aperfeiçoarmos o processo de aproveitamento das suas vagens na produção em escala industrial de aguardente e outros produtos alimentícios, que a partir do resíduo obtido após a extração do caldo utilizado no processo de obtenção da aguardente, que venha a justificar o seu cultivo de forma planejada, agregando valor econômico a cultura, gerando emprego e renda e criando oportunidades de novos empreendimentos para estas regiões.

AGUARDENTE DE ALGAROBA
A primeira aguardente de algaroba bidestilada e envelhecida em barris de carvalho do mundo, produzida a partir da propagação natural de leveduras propagadas no caldo extraído das vagens da algarobeira, através de processos controlados de biotransformações. Diferencia das outras aguardentes, por apresentar características organolépticas especiais, tais como: aroma agradável de conhaque, uma coloração dourada e transparente e um sabor levemente suave, deixando um hálito perfumado na boca após sua ingestão.Devido aos excelentes resultado apresentados pela bebida a nível de laboratório, o produto já foi patenteado e o projeto para produzir em escala industrial já está em andamento.
Os resíduos sólidos resultantes da extração do caldo para fabricação da aguardente estão sendo transformados em farelos, farinhas, gomas e sementes e utilizados para o processo de pães, bolos, biscoitos e rações balanceadas para animais com ótimos resultados.


A CHUVA
Influência da chuva
Características das vagens da algarobeira em períodos de muita chuva: A algarobeira é pouco exigente em chuva e produz bem em períodos de baixa precipitação, durante o período chuvoso os frutos apresentam características impróprias para serem processados e transformados em produtos alimentícios: Presença de fungos, pequenas manchas pretas no pericarpo, intumescido e fermentados.




APLICAÇÕES E USOS

Paisagismo
Quando se trata de paisagismo, a algarobeira está sempre presente na paisagem seca do semi-árido. Verdejante com frutos doces e aromáticos em plena seca, porém, presente na arborização de cidades, parques, universidades, fazendas, shopping, praças e por toda parte até nas capitais nordestinas.

Na alimentação de animais
Seja consociada com a palma ou não, os caprinos festejam o alto valor energético das suas vagens somados as proteínas nos seus galhos.



Fonte: www.ct.ufpb.br José Ednaldo Rangel



Um comentário:

  1. Olá,

    Gostaríamos de obter maiores informações sobre a venda das vagens de algaroba,por favor.
    Aguardando,

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